quarta-feira, 30 de abril de 2014

Conto: Curtida no cemitério

Esse conto foi o meu primeiro depois de voltar a escrever, já avisando que ele está bastante amador.
Lá vai:

Curtida no cemitério

Durante o início da madrugada, um pequeno grupo, composto por três jovens, invade o cemitério municipal. Munidos de vinho, cigarro e lanternas, os jovens planejavam “curtir a noite”, já que eles eram daqueles que acreditavam ser vampiros e bebiam vinho fingindo que era sangue.
– Vamos ali – disse o mais velho apontando para uma sepultura estranhamente detalhada. Aquela era uma madrugada tranquila, com um céu limpo e uma lua minguante. Mesmo com esse ambiente calmo, silencioso e sem vento, os jovens começaram a sentir como se o ar começasse a ficar mais pesado conforme eles se aproximavam daquela estranha sepultura, então o vento começa a soprar levemente, apertando também os corações ali presentes.
Quando chegaram na sepultura, os jovens começaram a examinar, usando suas lanternas, essa estranha obra de mármore escurecido, onde podia-se notar vários relevos na pedra, formando várias figuras humanas. A sepultura em si tinha o formato de um grande retângulo deitado no chão, e apenas possuia os relevos, nada de nomes ou datas, o que aterrorizou alguns dos jovens.
– Vamos sair daqui... estou com um péssimo pressentimento – disse o mais novo com uma voz tremida – ouvi alguns passos enquanto nos aproximávamos dessa sepultura.
– Você está com medo cara, larga de ser cagão – exclamou o mais velho, esboçando um pequeno sorriso sádico, então ele continua – Venha, me passe o vinho que eu – subitamente ele interrompe sua fala. Seus olhos ficam arregalados quando surge uma silhueta escura atrás dele, então ele solta um suspiro engasgado – Ugh! – e cai desacordado.
Em um ato de desespero, os jovens disparam em direção ao único lugar que estava iluminado, que era o portão do cemitério, deixando cair o vinho e as lanternas. Seus ombros queimavam, seus ventres congelavam e suas pernas falseavam, tudo isso enquanto corriam, tudo isso causado pelo medo.
Ainda correndo, depois de alguns minutos, os jovens começaram a ouvir como se uma criatura corria atrás deles e, o que os assustavam mais era que o som indicava que eles estavam sendo perseguidos por algo que corria usando quatro patas, um som bem semelhante de um cavalo correndo. Isso fez crescer ainda mais o terror nos jovens, fazendo com que seus passos ficassem mais incertos, além de fazer eles começarem a soluçar de medo. Suas mãos suadas tremiam em harmonia com suas bocas e, não importava o quão rápido eles tentavam correr, o som parecia se aproximar cada vez mais deles.
Quando eles estão bem próximos do portão, eis que surge um homem gordo todo uniformizado na frente deles, que os pega pelo braço e começa a questioná-los:
– Baderneiros! O que fazem aqui no cemitério a noite? – falou o homem, que tentava segurar os jovens desesperados – Tomaram ácido, né? Pra fora, saiam daqui – depois de alguns segundos, os jovens percebem que ele era o guarda do cemitério. Enquanto ele os levava para fora, o mais novo diz:
– Tinha algo nos seguindo, ele pegou nosso amigo – falou ainda com a voz tremida.
– Vocês estão viajando, não tem ninguém atrás de vocês – respondeu o guarda enquanto os colocava para fora e trancava o portão. Os jovens insistiam em querer salvar o amigo, mas o guarda era bem mais forte que eles.
Após colocá-los para fora, o guarda volta para a sua cabine, que ficava do lado do portão, enquanto falava – Não quero mais ver vocês por aqui, na próxima vez eu chamo a polícia.
– Mas e o nosso amigo? Ele ainda está aí dentro! – insistia o mais novo, segurando nas barras do portão.
Quando estavam quase desistindo, eis que surge, do caminho de onde eles correram, um homem bem velho e corcunda, possuía cabelos curtos e grisalhos, barba mal feita e trajava um uniforme de guarda todo encardido. Então esse senhor caminha em direção ao portão e fala:
– Seu amigo está bem, ele não está mais aqui – sua voz era monótona, ritmada e rouca, e causava um forte aperto nos corações dos jovens – Quer uma prova? Olhem para trás – falou ele. Imediatamente, os jovens olham para trás e conseguem ver o jovem mais velho um pouco longe, acenando para eles.
– Mas como ele chegou lá tão rápido? Nós viemos aqui correndo – disse o mais novo. Sem uma resposta, ambos viram e já não encontram o senhor que antes ali estava. Assustados, eles viram novamente para a direção onde se encontrava o amigo perdido, mas não o encontraram, não depois dessa noite.

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