quarta-feira, 30 de julho de 2014

Ressuscitado novamente

créditos na imagem

Morri
nasci
depois morri novamente
para poder, então
nascer recentemente;
nada que foi em vão
o choro é presente
tanto no nascimento
quanto na morte;
da dor estando ciente
percebi
então morri novamente
para poder nascer
e talvez crescer,
e então
perceber
que tudo
havia mudado
alterado
corrigido
consertado
bagunçado
delirado;
tudo estava diferente
a casa
os móveis
as paredes
os sentimentos;
algo parecia ausente
ao mesmo tempo presente
a ferida latente
da mudança sequente
da adaptação frequente;
então percebi
que
não era só
o
mundo
ex
terno
externo
que estava alterado,
mas também o filtro
em meus olhos,
em minha mente
e em meu coração,
que estava alterado
mudado
moldado;
não importa
o quanto prolongue
o quanto alongue
o quanto adie
a conclusão deste poema
aqui não há finais felizes,
nem inícios tristes,
isto aqui não é cinema
então por que ter um final?

An aspect of the soul

"Meu, por que isso?"
"Bom, vem aqui, dê uma ouvida
que vou falar disso"
"Puxa vida!"
"Relaxa, é fácil de crer
não vou deixar omisso"
"Ainda não consigo entender"
"Ouça o que vou falar
essa foi uma decisão bem mística
optei por seguir o aspirar
então seguirei na linguística"
"Mas bah, tchê!
largasse a engenharia
para ganhar uma mixaria
o que vai ser de você, tchê?"
"Optei pela riqueza da alma
estudei a opção com calma"
"Mas é essa sua paixão?"
"Vindo dos cantos do coração"

No coração e no aspirar
impor limites é sufocar
entre a cruz e a espada
eu prefiro sonhar
e voar
pois a alma morre se permanecer calada

Não quero algo para descansar em minha palma;
muitos se preocupam com a carteira
é mais fácil mudar de carreira
do que de alma

Depois de explicar
e continuar insistindo nisso
há ainda alguns que me tornam a perguntar
"Meu, por que isso?"

domingo, 27 de julho de 2014

Epifania



Está tudo escuro; é tudo diferente
me ocupo do pensar; e me ocupo do sentir,
na vingança sou crente, de um passado obscuro
para assim poder sorrir, minh'alma quer vingar
este é meu perjuro; agir como um demente
o sangrar quero causar; e o sentir, exprimir
 são tolos, realmente; julgaram-me por puro

Eles não irão fugir; esses quero matar
e do escopo observo, segurando a escopeta
então falo do odiar; esta é quem me faz rugir
minha arma, caneta; dos sentimentos, servo;
a arma quero carregar; muni-la com o sentir
palavras não reservo; descerão como um cometa.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Desmonocromia



Então era tudo
preto e branco
branco e preto

A intensidade do silêncio
forte e ressonante
fraco e desesperante

Então surgiu
luz
cor
textura
junto com o som
e muita ternura

Ele se perdeu
naquela;
pele clara como o gesso
e suave como o talco

Seus cabelos de ouro
o deixou ourado
louco e paralisado
desejando aquele tesouro

Tinha olhos de diamante
com um olhar de amante
e um brilho dominante
flamante!

E o topázio em seu rosto
um laranja com gosto
o fez disposto;
da monocromia estava desposto

Sua baixa estatura
o fez pensar na fatura;
fortalecendo a atração
aquela tinha a altura do coração

Era dela ele
e dele, ela;
estava bobo, aquele
e sem cautela, aquela

Depois do longo inverno
neste poema, aludidos,
dentre o caos de tudo, perdidos
naquele momento, eterno.

domingo, 20 de julho de 2014

Chimaera



É difícil expressar
ou até mesmo falar
sobre este luto;
sobre esta dor;

O que poderia dizer
para você entender?
é, isso não importa
o pior aconteceu

O que sucedeu?
É a pergunta que muito importa
Quem é que faleceu?
É outra pergunta que nada conforta

Pois bem, eis o que sobreveio
meu avô adoeceu
enquanto eu estava fora;
o motivo deste devaneio
é sobre algo que me esmoreceu
e até me fez perder a hora

Do sul viajei
para ver o homem que admirei
enfrentei horas de voo
e um medo de dar enjoo

O desconhecido batia à porta
e me batia na aorta
estou atrasado...
estou arrasado!

Cheguei chegando
munido de ansiedade
no hospital da cidade
e a alma, agonizando

"Estou aqui, onde ele está?"
foi o que perguntei
"Não está bem, logo estará acolá"
então amargurei

"Deixe-me entrar
deixe-me vê-lo
isso você não pode negar
por favor, deixe-me vê-lo"

"Este direito eu te nego"
disse a megera,
que mais parecia uma quimera,
em uma frase que me tirou o credo

E, quando eu vi,
me subiu um frenesi;
uma pastora em meu lugar;
aquilo me tirou do lugar

O grito
A contestação
algo foi inscrito
bem lá no fundo do coração
com uma fonte em negrito
gravando aquela traição

Da suposta parenta
que me tirou o direito;
ela é tão suave como a pimenta
que me esfaqueou no peito

Embora tente perdoar
me vem a intensidade do odiar;
com estas palavras escrevo em turbulência,
vindo de minha própria essência

Com o tempo curto
e passagem comprada
parti de volta para o oculto
com a alma machucada

Sem o ver,
voltei triste daquele complô;
durante minha viagem, ele veio a falecer...
não pude ver o meu avô.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Amordaçasso!



Foi me dito,
foi me imposto,
algo nada bendito,
algo de dar desgosto

Que o poetar
era algo feminino;
sendo ainda um menino
quiseram matar

Matar um dom
ou uma forma de expressão?
Isso é querer calar o som
que emana do coração

Feminino?
isso não se diz,
não a um menino,
pois o deixará infeliz
quase no vespertino

Característica cultural
é essa, que nos cega,
querendo roubar-nos a sega,
é antinatural,
é muito brega!

Reprimir a forma
o jeito
e
a
maneira
que cada
um
de
nós
podemos
re-
pre-
sen-
tar
o ato de apaixonar
amar
odiar
chorar
ou até mesmo lamentar;
a rima
é feminina
e também a poesia
que soa como maresia

Defina leis
para a expressão humana
que eu as pego de vez
e as jogo na lama

No entanto,
no momento,
não fique em pranto,
autor do sentimento,
nem te estressa,
com a forma textual,
na forma que tu te expressa,
não há nada sexual.
Ponto final?

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Poema: Você vê que,

Da
maneira que
escrevo
deve representar
o jeito
que
me sinto
ou o jeito
que
devo
sentir;
incompleto
seria a
sugestão
de muitas
pessoas
que
estivessem lendo
este
poema que
vos
apresento;
sempre
em transição
é isso
que
replico a
sugestão
de muitas
pessoas pois
onde elas
veem
o fim
eu vejo
o que
poderia acontecer
se
em vez
do fim
aquilo fosse
um
amanhecer
de um
novo
e distante
fim.